quinta-feira, 22 de maio de 2014

Esperar


Quando vem
chega contra o corpo e o peito contém

a memória da pele
a memória da tua pele
a memória inscrita, cravada, marcada, da pele dele
na minha pele

Mas não vem
contra o corpo do tempo, não ganha ninguém

nem a memória da pele
nem a memória da tua pele
nem a memória ofegante, beijada, suada, da pele dele
na minha pele

Quando não vem
Talvez seja a memória que o retém.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Tu Sabes Bem

Sabes bem a quem bem me sabe

Ao sabor da sua vontade

Sabes bem
E eu sei que bem que sabes

Que

Sabes tão bem

Que sabes a amor

E sabes-me ao sabor

do amor de mais ninguém.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pré-Poema Alma

Um dia,
ainda te deixo tanta alma
num poema
que não sobra nenhuma para mim.

E morrerei sem ter um fim
e sem ter um eu e nesse dia
serei metade poema e metade poesia.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Pré Poema Mariana

Espera, por favor, escuta-me Mariana,
sim, sim,eu sei que já não respondes,
mas talvez ainda te ouça explicar, Mariana,
onde é que me moram as saudades.

Onde é que moram as saudades?
Numa casa demasiado pequena,
uma brancura surda e muda nas paredes,
(tantas paredes, sempre demasiadas paredes)
não há chuva, nem vento, nem Sol, nem neve.
nem perto, nem longe, nem longo, nem breve

o tempo, neste corpo a corpo com o agora,
não há chuva, nem vento, nem Sol, nem neve
nem perto, nem longe, nem longo, nem breve
aqui dentro não estás, Mariana, e lá fora,
já não há mais, não há mais quem me leve.