segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Passagens

Todos os ponteiros e todos os degraus
são intransigentes.
Os ponteiros empurram os dias
são a força de cimento e betão do tempo.
Os degraus nunca se apiedam, nem descem,
são a mármore inviolável
extraída na direcção e medida do caminho.
E nós? Subimos os degraus,
pasmados com os passos de uma vida
debaixo dos ponteiros

pasmados com tantos ecos, nas arcadas,
são ecos dos fantasmas de todos os minutos
que condenámos à morte por embotamento.
Tudo passa, tudo passa:
eu não quererei passar mais
sem que tudo esteja terminado.